A presença holandesa no Brasil

Introdução

    Entre 1630 e 1654 os holandeses invadiram e se estabeleceram no nordeste do Brasil, empreendendo uma luta árdua contra os portugueses, os espanhois e os nativos, destacando-se  entre os últimos, o pernambucano Matias de Albuquerque com suas técnicas de guerrilha.


Antecendentes

    Nessa época (até 1640), Portugal estava sendo governado pelo Rei da Espanha, então uma grande potência européia, católica e conservadora. Por sua vez, a Holanda, protestante e liberal, lutava pela hegemonia de seu poderio no comércio e nos mares. Com o fechamento dos portos ibéricos aos holandeses por Felipe II da Espanha (ainda no fim do séc. 16), os flamengos optaram pela invasão do território brasileiro visando a sua exploração comercial (o nordeste, particulamente Pernambuco, vivia o esplendor da riqueza dos engenhos de açúcar).

    A criação da empresa "Companhia das Índias ocidentais", a famosa W.I.C, foi a reação do governo e empresários holandeses à política hostil da Espanha. Mas a primeira investida aconteceu mesmo em 1624, na Bahia, sede do governo geral do Brasil. Por um ano, os holandeses governaram o Brasil até que foram expulsos em 1625 por uma poderosa esquadra comandada pelo almirante espanhol D. Fradique de Toledo.


O domínio

    Uma segunda invasão aconteceu em fevereiro de 1630. A poderosa esquadra comandada pelo experiente general Hendrick Corneliszoom desembarcou em vários pontos do litoral de Recife e Olinda. Entre 1630 e 1637 os holandeses lutaram arduamente para consolidar seu domínio. A luta estendeu-se por todo o litoral nordestino e uma parte do interior. O principal foco de resistência era o Arraial do Bom Jesus (atual Recife antigo), que caiu em 1635, e a cidade de Porto Calvo (em Alagoas)

    É dessa época a história de Domingos Fernandes Calabar, portocalvense, profundo conhecedor do território nativo, que teria se bandeado para o lado "inimigo", fornecendo informações decisivas aos exércitos invasores. Calabar foi capturado e condenado a morte por traição. Alguns historiadores contestam a idéia de um Calabar "traidor" dos interesses nativos, apontando-o como um sujeito consciente que entre a opressão portuguesa e a opressão holandesa, optou pela última.

    Consolidada a vitória, a Casa de Orange enviou o Príncipe, Guerreiro e Administrador Maurício de Nassau para governar, a partir de Olinda, o Brasil holandes.


Nassau


    No período 1637-1644, Nassau impôs uma administração de excelência, aliando-se com os donos de engenho que haviam desistido de produzir ou fugido diante dos conquistadores estrangeiros. Devolveu-lhes a terra e os meios, incetivando a produção; restaurou igrejas profanadas, re-estabelecendo as práticas religiosas católicas; abriu ruas, construiu casas e moralizou o serviço público e a justiça. Patrono das artes e das ciências, Nassau trouxe em sua comitiva pintores (entre eles Frans Post), botânicos, médicos, cientistas, etc.

    Pernambuco (Olinda e Recife) viveu uma época de prosperidade e organização social incomuns ao domínio ibérico. Entretanto, os holandeses nunca deixaram de ser vistos como os estrangeiros dominadores, com costumes "eréticos", de linguajar incompreensível e rude. A idéia de "liberdade" ainda era forte, embora adormecida.


A expulsão

    Nem toda a burguesia holandesa concordava com a política civilizatória de Nassau. Pressionado por uma metrópole repleta de interesses imediatistas, Nassau foi obrigado a deixar Pernambuco em 1644. Instalou-se então um governo militar que passou a pressionar a população, acendendo os "ideais" de liberdade habilmente manipulados pela elite portuguesa e nativa. É dessa época a história do Senhor de Engenho João Fernandes Vieira, que fazendo um jogo duplo conseguiu montar as escondidas, um exército de "resistentes". Volta então o período de guerrilhas até chegar numa guerra aberta que culminou com a expulsão definitiva dos holandeses em 1654.

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